domingo, 4 de janeiro de 2009

O AVANÇO DE ALBERTO JOÃO JARDIM

Por meio do seu porta - voz oficioso, a confirmação surge por Filipe Malheiro


PSD precisa urgentemente de reflectir e de discutir tudo, sem constrangimentos ou manipulações



Este mês e meio inicial de 2009 será decisivo para o PSD nacional e decisivo para Alberto João Jardim. Decisivo para o PSD porque precisa de ter condições para mobilizar o seu eleitorado e procurar ganhar eleições. Decisivo para Alberto João Jardim porque de uma vez por todas tem que definir o que quer, sob pena de perder tempo e de ser ultrapassado pelos acontecimentos. 

A prioridades do PSD em 2009 pode não ser, por exemplo, a prioridade do partido daqui a dois ou três anos. Eu não acredito em Ferreira Leite, não por ser uma extensão do cavaquismo no PSD, não pelo facto de não ser uma figura popular - nunca foi – não por ter obtido uma vitória insignificante, mas por ter perdido oportunidades, por não ter sido capaz de fazer o PSD ganhar posições com o desgaste do governo e do PS e por ter um estilo político de actuação que nada tem a ver com o que se espera de um líder na oposição. Populismo? E depois? Que mal tem o populismo na política? Por acaso os socialistas hoje no poder não chegaram ao poder em 2005 à custa das asneiradas do PSD e de muto populismo socialista? O que fez Sócrates para chegar ao poder? Lembram-se? Os 6,8% de desemprego eram uma vergonha e um drama. Hoje o país caminha para os 10% e o homem está chateado por causa disso? Sócrates prometeu baixar os impostos porque Portugal tinha uma carga fiscal demasiado pesada. E que fez quando o PS ganhou? A primeira coisa foi aumentar os impostos sob pena de ter encontrado uma realidade que desconhecia. Então porque andou a prometer alhos e depois fez bugalhos? 

Sinceramente acho que o PSD nacional precisa de uma profunda reflexão interna, aberta, sem condicionalismos, sem constrangimentos, com a cotagem de mudar se for caso disso, de estratégia, de discurso e de liderança. Eu acho, já o disse e repito, que Alberto João Jardim não pode colocar de parte a possibilidade de avançar, digam o que disserem os ”Pedros” os “antónios” ou as “marias” ou os “maneis” do PSD. Mas tem que afastar a ideia de que só avança sozinho, sem mais ninguém, como se no PSD não pudesse existir disputa interna. Por acaso Mário Soares a partir de determinada altura não sabia nas ultimas presidenciais qual a sorte que lhe estava reservada? Ele, que já tinha sido Presidente da Republica, Primeiro-Ministro, ministro, eurodeputado, etc, por acaso desistiu? Por acaso não acabou por sofrer uma derrota, a começar no seio do seu próprio partido? 

Se Alberto João Jardim for candidato e se ganhar tem que aceitar o desafio de dotar o PSD de outra dinâmica, de outra capacidade de mobilização das pessoas, de outras expectativas e outras esperanças. Se perder, qual o problema? Faz a mala e regressa ao Funchal e deixa o partido assumir a responsabilidade, sejas ela qual for, pela opção tomada. Tem ´+e que haver uma decisão pessoal quando for esse o momento. E essa decisão tem que ser mantida. Levada até ao fim. Criando uma estrutura de colaboradores que impeçam a manipulação de um partido, a nível nacional, que não conhece, para que o acto eleitoral interno decorra com inteira justiça, liberdade, isenção e igualdade e que todos façam chegar aos militantes a sua mensagem. Se Jardim decidir, como acho que deve fazer, melhor dizendo, como acho que deveria ter feito, sem temores, não pode recuar, sob pena de as pessoas deixarem de acreditar nele e de lhe darem credibilidade. 

E porque insisto nisto? Porque motivo acho que o PSD nacional precisa de reflectir, de discutir internamente em vez de alinhar por idiotices e hipocrisias dos que consideram uma derrota um bom resultado, pelo simples facto do PS já ter pedido a maioria absoluta. E fazem-no comentadores televisivos que utilizam abusivamente espaços privilegiados que possuem para se imiscuírem, de uma forma ou de outra, na vida interna do partido. O problema não reside aí. O PS precisa de perder eleições, não de perder a maioria absoluta. Há dias dizia um jornalista, comentador político na SIC, que apostava – disse ele - que o PSD já ganhou as eleições autárquicas. Sobre as Europeias, nem falou temendo obviamente o descalabro de uma abstenção que desconfio será enxovalhante para quem recusou o referendo e traíu o povo impondo-lhe por via parlamentar um Tratado de Lisboa que os portugueses desconhecem mas os partidos e os políticos não lhes quiserem explicar nem com eles debater o tema. E das legislativas nacionais? Nem uma palavra. Claro, estão a adocicar a beiçola laranja dom as autárquicas para que o PSD se esqueça dos dois outros actos eleitorais, particularmente das legislativas nacionais. Portanto, decisões a serem tomadas, apenas até meados de Fevereiro, eventualmente até final de Fevereiro. Depois disso esqueçam, o PSD caminhará para o descalabro, alguns ficarão satisfeito porque fizeram o frete e depois… Sim, e depois? Depois? Quem sabe se não teremos um OPSD a lutar pela sua sobrevivência transformado numa espécie de nova versão do PRD, pelo simples facto de que alguns pirosos, bem vestidos, bem penteados e bem-falantes se julgarem os “maiores”, só porque se olham todos os dias para os espelhos de dois ou três metros de altura que tem lá no quarto. Sócrates é que faz parte do lote das personalidades consideradas as mais bem vestidos. 

No PSD precisamos é de luvas, fato-macaco e botas de cano alto. Depois, no fim, leia-se nas urnas, logo se vê, como decidira o eleitorado. Mas não cabe, nem a partidos nem a comentadores tentarem antecipar-se e adivinhar como vão votar os portugueses este ano. Porque isso cheira-me, mais do que a falta de ética e absoluta ausência de princípios deontológicos, a descarada patifaria que roça a desonestidade, regra geral atributo dos medíocres sem escrúpulos.

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